No dia 31 de outubro comemoramos o Dia da Reforma Protestante. Neste dia no ano de 1517, Martinho Lutero divulgou as 95 teses na cidade de Witternerg, dando origem a Reforma Protestante. O seu surgimento se deu como conseqüência de uma Igreja que estava afastada dos princípios bíblicos e do ensino de JESUS, uma Igreja que pregava uma graça barata e oferecia uma salvação baseada em méritos, posses e medo.
496 anos nos separam da Reforma original de Lutero e a nossa pergunta é qual a relevância desses quatro pilares (abaixo citados) e até que ponto são levados em conta nas Igrejas de origem Protestante.
1 – Somente CRISTO (Solus Christus);
2 – Somente a Fé (Sola Fide);
3 – Somente a Escritura (Sola scríputura) e
4 – Somente a Graça (Sola Gratía)
Outro dia li uma breve reflexão do Reverendo Israel Belo de Azevedo sobre estes princípios e este questionava qual deles não estava sendo levado em conta nos dias de hoje. A sua opção recaiu no principio Somente Escritura. Lembrei uma passagem da Bíblia que mostra o reavivamento da fé do povo de DEUS a partir da sua Palavra.
Neemias 8,2-10 relata tempos difíceis para aqueles que retornaram do exílio na Babilônia. O povo, liderado por Esdras e Neemias, deveria reconstruir o pais, conservar a identidade e manter a unidade. Como realizar esta missão quando as pessoas estão desanimadas, sofridas, sem esperança e afastadas umas das outras¿ Esdras reuniu o povo em torno da Palavra de DEUS, escrita, mas que foi lida novamente para todos na praça.
A Palavra de DEUS ocupou o lugar central na reunião do povo.
A leitura da Palavra gerou um sentimento de
comunidade. Estavam reunidos homens, mulheres e todos que eram capazes de entender (v.23). A Palavra tem o poder de unir. Muitas vezes, nossos encontros são inspirados por belas mensagens, mas que vêm diretamente da inteligência humana. Quando nossos encontros estiverem centrados na Palavra de DEUS e na sua vontade para o seu povo, serão encontros geradores de vida e comunhão.
A palavra de DEUS foi o centro de atenção. Toda a comunidade prestava atenção ao que está sendo lido (v.3). A Palavra de DEUS foi proclamada a partir de um palanque, construído especialmente para esse fim. A comunidade observa o pergaminho sendo aberto e ouve a Palavra lida. A centralidade é a Palavra. Não há preocupação com os acessórios do altar, a roupa do sacerdote. Muitas vezes, nos prendemos na analise externa, quando a Palavra deveria nos levar a olhar para o nosso interior e promover mudança. Lembro aqui a experiência de João Wesley em Aldersgate. Naquele dia, a Palavra, que era o texto de romanos 5, foi objeto central da atenção das pessoas. João Wesley ao ler o comentário de Lutero sobre este texto experimentou uma transformação.
A Palavra une as pessoas na adoração. Os versículos 5 e 6 relatam a reação das pessoas: todos ficam em pé, erguem as mãos e proclamam: Amem! Amam! Logo após, ajoelham-se e adoram ao SENHOR com o rosto em terra. A Palavra de DEUS promove uma adoração verdadeira ao SENHOR e une os corações. As coisas acontecem de forma natural, míngüem obrigou ninguém a agir desta ou daquela maneira.
Não vemos criticas ou desavenças, mas unidade na adoração ao SENHOR.
A Palavra de DEUS produz quebrantamento. Ao ouvir a Palavra, as pessoas entenderam muito bem e começaram a chorar, talvez movidas pela consciência da distancia do que foi lido e a realidade. Essa reação aconteceu porque as pessoas compreenderam bem a leitura. Muitas vezes, a leitura da Bíblia é algo rápido em nossos cultos e momentos devocionais. Não refletimos sobre o que lemos, e por esse motivo, a nossa reação é de completa insensibilidade. A Palavra não ilumina nossa vida e nosso andar. O Salmista afirmou que a Palavra de DEUS é lâmpada para os seus pés e luz para os seus caminhos (Salmos 119-105). Uma vida dirigida pela Palavra é uma vida quebrantada e antenada com a vontade de DEUS.
A Palavra de DEUS gera uma ação coletiva. O sacerdote chama o povo
que estava chorando à alegria, afinal era um dia consagrado ao SENHOR e manda que o povo tenha uma reação de partilha. Eles deveriam preparar comida e repartir com os que nada tinham preparado. Ao ler a Palavra, os necessitados puderam comer e se fartar e quem tinha em abundancia partilhou com as pessoas necessitadas. Trata-se de um resultado concreto da Palavra. Vivemos num tempo marcado pelo individualismo, que esta tão arraigado dentro de nós que muitas vezes se quer partilhamos a própria Palavra de DEUS para que ELA ilumine os caminhos da humanidade.
Lutero providenciou a tradução de Bíblia para o alemão, a fim de que todo o povo pudesse ter acesso e ler as Sagradas Escrituras.
Com o avanço da tecnologia, hoje, temos diversas versões da Bíblia:
Para a família, para o casal, para o jovem, para a mulher, para o homem, numa tentativa de reavivar o amor pela Palavra e unir as pessoas na centralidade Bíblica. Mas, parece que as pessoas têm sua tradução própria da Bíblia e ressaltam somente aquilo que lhes interessa, esquecendo que toda a Bíblia, com suas palavras de consolo, exortações, promessas, orações e profecias deve guiar e conduzir nossas vidas.
E que 496 anos após a Reforma, sejamos capazes de recuperar a centralidade da Palavra de DEUS em nossas vidas e que ela gere unidade, adoração e reavivamento.
Que DEUS nos abençoe e sua palavra guie nossos passos pelos caminhos do SENHOR!
Reverenda – Amélia Tavares
Pastora na Igreja Metodista em Vila Floresta - Santo André – S.P
Texto extraido da publicação n°245 do Conexão
Informativo da Igreja Metodista 3ª Região Eclesiastica